25 julho 2008

Mercado de SO's em Portugal: Quem cresce mais, Microsoft ou SO's Livres?

Cheguei eu a casa na terça-feira, e fiz o costume: toca de ligar o desktop (Linux + XP) e o Portátil (Vista :(, obrigado a tal :s ) e ir verificar as novidades. Entro no meu igoogle e qual não é o meu espanto que no separador das notícias de carácter científico me deparo com este artigo da Exame Informática.

Ao ler esta notícia fiquei admirado e posso dizer que um pouco triste pelo facto do comportamento ultrajante e obsessivo da Microsoft ser motivo de regozijo para o mercado Português.
Em conversas com o RedTuxer, conversa puxa conversa e acabámos por discutir o funcionamento do mercado português e o Actor Principal do momento: Estado Português.


É do conhecimento comum que a instituição Estado e as suas unidades orgânicas utilizam o SO da M$. Não é do conhecimento comum que, por exemplo, os pólos universitários e educacionais não só não cativam para o uso de alternativas (que se revelam mais eficientes, baratas e abertas ao desenvolvimento) como também nos "empurram" para o uso do suposto SO da multinacional referida. Eu falo por experiência própria: eu estudo no ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) e não existe uma única máquina que não esteja escravizada pela M$. Para além deste aspecto, o próprio servidor de Software é vocacionado para os produtos da M$. É óbvio que existem excepções mas essas partem dos próprios docentes (sobretudo Engenheiros) que por entre conversas mais fora de contexto universitário nos motivam à utilização de SO's Livres: "Vocês saem hoje do ISEL amanhã querem constituir uma empresa... vão ter que investir em equipamento, entre ele computadores e também em software. Mas será o software uma barreira e despesa real? Podem optar por um comportamento vocacionado ao software livre e crescer a partir daí!". Esta frase ficou-me na memória e juntamente com este artigo da Exame Informática, eu pergunto-me:

Já que estamos numa de redução do défice, Porque não cortar com os gastos em software, nomeadamente licenças de sistemas corporativos, e começar a optar por um ponto de vista mais abrangente e aceitar a opção SO Livre?

A resposta não me foi óbvia mas no tal seguimento da conversa com o RedTuxer esta surgiu: "A gestão deste aspecto é feita por pessoas pouco cultas no que toca ao ramo do software, as pessoas que trabalham em paralelo também o são e acabam por se render ao comum da utilização".

Observemos então aquilo que nos retorna a este ponto: o Estado mantém uma política protocolar de utilização e desenvolvimento com a M$, tanto para ministérios como para todas as unidades Orgânicas incluindo serviços públicos e universidades. A este aspecto da protocolação de utilização segue-se o facto de as licenças não serem propriamente de graça e cada venda está sujeita ao IVA de 20/21%. Isto representa dinheiro para o Estado. E quanto maior for o número de pessoas que façam da utilização comum a desculpa para a obtenção de uma licença melhor para o Estado. É uma questão de arrasto de comportamentos. É exactamente a mesma questão que o petróleo: o investimento em energias renováveis não pode ser numa política absolutista pois os combustíveis são alvo de imposto (que não é baixo) e que representa uma enorme fonte de rendimento para o Estado.

Não obstante estes factores temos que ver que o próprio software utilizado pelo Estado não é para si de graça, não representa ganho no IVA e contribui para o défice.
Analisemos as coisas da seguinte maneira:

considera-se por exemplo 10 ministérios. cada ministério com aproximadamente 50 gabinetes, cada gabinete com, em média, 10 computadores.

Se pensarmos num custo de licenças só pelo Windows (100€ +/-), chegamos ao valor de +/- 5.000.000,00€ o que já é alguma coisa.... se a isto juntarmos os outros organismos públicos, universidades e por aí fora... podemos facilmente ultrapassar os 50 ou mesmo os 500M€. contando apenas com o SO... não juntando claro as manutenções, os Anti-Vírus, o Office e qualquer outro programa instalado com base corporativista. Aí os valores crescem exponencialmente.

Não é absurdo? Pelo menos no que toca ao consumo interno?

Porque não seguir este comportamento tido pelo Governo Macedónio que se decidiu pelo investimento na educação apenas no que toca a hardware e deixou que o software livre invadisse o seu sistema educacional?

É mais que evidente que o Software Livre, sobretudo SO's, é cada vez mais forte em número de utilizadores. É também sabido que em Portugal esse crescimento tem sido notório. A notícia em que recaiu o meu ponto de partida para este artigo vem revelar que a "luta" ainda será longa e mais do que isso. Após uma análise mais profunda vemos que não será ganha em pleno enquanto o próprio cérebro deste país não optar por uma política mais aberta.

Fica assim a questão:

Que crescimento nos espera: a base corporativista e deficiente ou o Software Livre e sem custos?



Este artigo foi escrito pelo Rafael de Castro, Estudante do ISEL, numa agradável colaboração com o Tux Vermelho.

2 comentários:

Um belo post que vem por o dedo na ferida.

Obrigado pela contribuição.

Só para completar o Artigo porque foi uma informação que eu procurei e ainda não tinha:

http://blog.softwarelivre.sapo.pt/2008/06/20/novo-concurso-publico-com-beneficio-exclusivo-a-microsoft/

Eu sabia.... eles nunca me engaram....