12 setembro 2007

Navios e voltagens em divagações de standards...

Em 1987 viajei no NRP Sagres como Marinheiro Electricista. O Navio Escola tinha acabado de sofrer uma grande reparação, como a do motor de 1933, remodelação da cozinha, casco, substituição das velas e a substituição dos 3 geradores, deixando o navio de usar os 400VDC optando pelos 380/400VAC. Esta tensão de alimentação na altura foi óptima, pois podíamos usar qualquer aparelho cuja tensão de alimentação fosse a 220VAC, desde os pequenos transformadores para os nossos walkmans (o mp3 ainda não tinha sido inventado, ah pois!) até grandes aparelhos ou ferramentas.

Só após atracarmos nalguns portos como o da Cidade da Praia ou Mindelo em Cabo Verde, ou em Santos ou Rio de Janeiro entre outros no Brasil, é que nos apercebemos dalgumas desvantagens em usar os 380VAC no navio. A voltagem que era fornecida nesses portos para alimentar os navios atracados era de 400VDC ou 440VAC, já não me lembro bem. Como consequência, o Sagres estando atracado ao cais, tinha de manter um funcionamento 1 ou 2 geradores, implicando a permanência de mais um electricista no navio. Não sei se estão a ver a coisa! Nós num país estrangeiro, farto de ver só homens durante dias seguidos e não podermos sair para conhecer o ambiente e a hospitalidade locais, era muita chato!

Outra das consequências era a de não podermos comprar alguns aparelhos eléctricos no Brasil que eram autenticas pechinchas, porque a sua tensão de alimentação era de 110VAC. Estes são apenas alguns problemas concretos e que acabam por ser dispendiosos para nós todos, devido ao facto de não haver uma tensão eléctrica standard em todo o mundo. Eis uma imagem que copiei do Tugatrónica do meu colega electrão no Planet Geek, em que mostra as diferentes voltagens standards pelo mundo:


Para além desta situação eléctrica, basta darmos um salto à Grã-Bretanha e encontramos galões em vez de litros, milhas em vez de quilómetros, polegadas em vez de centímetros, etc, etc.

Agora acho engraçado virem alguns experts, quase todos da Microsoft ou a soldo dela, virem dizer que haver mais que um standard é que é bom, referindo-se ao ooxml e ao odf.

Todos temos a ganhar se um determinado standard for único, e apenas alguns muito poucos ganham havendo mais que um standard. Aliás, se o standard não for único, não é standard!

comentários:

Existe uma standard internacional de medida. É o metro. Existem muitos standards internacionais: para medição, pesagem, volume, etc; mas cada padrão só tem uma unidade. No entanto, as pessoas recusam-se a usar estes. Mas vocês sabem que a Microsoft não quer só que o seu formato seja padrão, querem que o outro formato seja "morto". De qualquer maneira, eu prefiro usar o OpenDocument Format ao ooxml. Eu irei, sempre que possível, usar os standards correctos em relação aos "falsos standards". O centímetro à polegada, o metro ao pé, o OpenDocument Format ao ooxml.