Imagina-te num restaurante onde outros colegas como tu cozinham vários pratos. Tu sabes os ingredientes que existem na cozinha, sabes que esses colegas fazem o melhor que sabem com a melhor das intenções. Passas pela zona de self-service, escolhes o que quiseres, sentas-te à mesa e comes o que escolheste. Há pratos melhores e outros não tão bons, mas são de boa qualidade. E de certeza que não irás encontrar ingredientes nesses pratos que te possam prejudicar ou deixar-te doente. Tu tens o direito a saber como é que eles foram feitos, podes mesmo melhorá-los, seja a colocar um pouco sal, colocar alguma erva aromática, remover para fora do prato aquela coisa que não gostas. Podes mesmo refazer todo o prato, e ir vende-lo a outro teu colega que o queira pagar, tens esse direito. Podes chamar o cozinheiro que fez esse prato e pedir-lhe uma alteração ou dar-lhe uma recomendação. Totalmente diferente de beberes uma coca-cola que não sabes exactamente o que contem, nem como é realmente feita, nem podes pedir ao seu fabricante que a altere ou dar-lhe recomendações. Pagas e bebes.
Então se podes comer desses pratos que teus colegas cozinham, se sabes como são feitos e,
importante, podes alterá-los para o teu gosto, vais dizer mal da comida? Bem, poder até podes, mas se calhar não te fica bem...
Vou recomeçar.... Não é a primeira vez que encontro comentários depreciativos sobre software livre ou mesmo distribuições de GNU/Linux, seja em fóruns, comentários de blogues, twitter e outros locais.
- "Software x tem um aspecto foleiro"
- "Programa y na distribuição z é muita rasco"
- "É pena que não haja muito bom software em Linux"
- "Programa k é uma boa merda".
É certo que cada um tem o direito a ter uma opinião sobre o software que usa, seja boa ou má. Na minha opinião, o software livre que uso nas distribuições de Linux e até no próprio Windows, considero-o muito bom, algum mesmo excelente e que não o troco por nenhum outro. Refiro-me ao Amarok, K3b, Gimp, Firefox, Thunderbird, Pidgin, etc... Também há software com poucas opções, aspecto básico, mas normalmente específico para certos trabalhos e como tal fazem exactamente aquilo que é necessário. Muito software nem sequer tem interface gráfica, apenas funciona pelo terminal, cheio de opções e até meio complexo de controlar, mas é extremamente potente. Se eu não gostar de programa x posso sempre usar o programa y ou z, tenho essa liberdade e direito. Outros tem o direito a não gostar e a preferir software proprietário, seja freeware, shareware, seja pago.
Devemos ter em mente que o software livre que se encontra numa distribuição de Linux, deve-se a milhares de horas de trabalho duma imensa comunidade que se esforçou para o construir, melhorar, corrigir de bugs, traduzir, optimizá-lo para que fosse possível usá-lo no objectivo para que foi criado, pelo utilizador comum. Esse utilizador irá usar livremente o programa, se calhar até dentro dum sistema operativo GNU/Linux que nem sequer o pagou, pois é grátis. Como qualquer software livre ou opensource, o código fonte dos programas e até do sistema operativo, está à disposição do utilizador para que o possa alterar ao seu gosto, seja no que respeita ao aspecto ou às funcionalidades do mesmo. Tem esse direito e é livre de o fazer!
Se podemos melhorar o software em causa, e até tendo conhecimentos para tal, acho que fica mal dizer que um programa é uma merda, sendo ele até reconhecidamente um dos melhores na sua área, e grátis, livre e multiplataforma (Ex. Firefox, Gimp, Vlc, OpenOffice). Pior é dizer que não há muito bom software em GNU/Linux! O próprio GNU/Linux é um exemplo dum excelente sistema operativo. E de borla.
Não me parece bem nem lógico dizer mal da comida que se faz em casa com os ingredientes que temos e quando a podemos melhorar, mas se se preferir ir comer sempre fora em restaurantes, cada um é que sabe...
E tu? Tambem achas que não há bom software livre em Linux?